Título ridículo, porém cabível.
Sucinto. Merecível.
Minhas noites não são mais recheadas
com sonhos de amores, cabelos longos esvoaçando no vento do norte ou olhos
castanhos. Tampouco peles aveludadas. Meus sonhos, agora, acompanham o ritmo de
minha vida: mais carnal e promíscua. Ainda há mulheres neles, graças a Deus, mas elas me visitam de
formas diferentes, ensandecidas, vívidas, molhadas e intensas. Dia e noite, tarde e dia. Tão
efêmeras quanto o coração de um leviano cafajeste, elas são aleatórias, sem
ordens, sem nomes, sem rostos ou intenções. Existem por existir. Não me torno
aqui o mais fiel dos rapazes, tampouco o menos confiável dos homens. Continuo
sendo eu mesmo, um reflexo distorcido do que sou no real, só que agora nas
terras do Lorde Moldador. Ainda acolhido por femininas beldades, sedentas por
um rápido prazer. Desperto às seis, com o celular tocando a metros. Preciso
levantar, desligo-o quase que por reflexo, mas já estou acordado, praguejando
mais um dia que preciso levantar e olhar no espelho... Não, não. Esses dias de adolescência autodestrutiva e autocrítica
já passaram, isto agora é real. Os sonhos são confortos que não anseio e nem
amaldiçoo. Aqui fora meus dias são reais e o apreço pelos sonhos não é como
antes; se eu dormir e sonhar, será ótimo; se eu dormir e acordar sem dores de
neuropatia, melhor ainda! No mais,
elas continuam a me visitar, fruto da desgarrada aventura que vivo lá fora,
enquanto acordado e totalmente são de minha existência. A vida não anda sendo
uma merda, tampouco anda banhada em glórias e ouro.
Apenas anda por andar, como na obra atemporal de Shakespeare. Ou na representação onírica de
Neil Gaiman.
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