18 de abril de 2013

"O Patrulheiro Mendigo do Universo!" ou apenas uma redação qualquer



Olá, galera.
Esta semana tive uma aula de redação sobre texto narrativo (sim, aos que não sabem, tranquei a UFPA, voltei a fazer curso preparatório para prestar vestibular novamente). Narração, mais do mesmo... Só que, apesar de tudo, eu odeio fazer redação narrativa por um simples motivo: são apenas 30 linhas. O que é uma narração com trinta linhas? Eu não consigo, tenho, sinceramente, um bloqueio quanto a isso porque é pouco demais. Mas voltando ao assunto, o professor nos deu um tempo de quarenta e cinco minutos para fazermos a redação e pediu que usássemos a criatividade. As únicas especificações eram encaixar a fala "Com licença, mas este caso eu preciso contar". Só. Nem o número de linhas (embora tenha dito no fim da aula para aqueles que ultrapassaram o número padrão refazerem a redação, excluindo algo ou coisa parecida) ele exigiu.
Aí estava minha tarefa. Quase um desafio pessoal para um moleque baixinho, magro e sempre fodido de saúde que sonha se tornar escritor. Acontece que como odeio fazer redações narrativas, logo um bloqueio surgiu e então eu me vi diante de uma folha em branco por uns dez minutos. Enquanto isso, divaguei sobre o que escrever então me lembrei de algumas coisas: velhinhos que puxam assuntos em todos os lugares com pessoas desconhecidas; a parada de ônibus na qual pego o busão para ir ao cursinho; o martelo do Thor e no máximo 35 minutos restantes de trabalho.
Mãos à obra. Nasceu o texto abaixo. Consegui encaixá-lo na folha de papel em 29 linhas. Pelo menos a galera gostou, disseram que fumo um beck todo dia de manhã e o professor (depois que as meninas levaram a redação para ele ler) me perguntou na frente da galera inteira se fui eu quem escreveu a "redação do et" e se eu tinha tirado de um gibi. Percebi que depois todos estavam olhando pra mim. Ou talvez fosse a camisa do My Chemical Romance. É, nem sei mais. Vai saber...

~

Uma segunda-feira eram definitiva e ironicamente falando, um ótimo dia para um caótico início de semana: ônibus lotado, chuva ameaçando a desabar e um mendigo louco falando sobre aventurar planetárias.
Sob um céu pesado e escuro, as pessoas na parada de ônibus soltavam resmungos particulares a cada minuto que passava e seu transporte não vinha - e quando surgia, era abarrotado e de gente. Um grupo estava sob o toldo de uma loja quando aquela figura surgiu, com andar bambo e sorriso ambicioso no rosto. Tinha aspecto suji e barba desgrenhada, parou com um suspiro e falou:
- Não sei vocês, mas eu tomaria cuidado com os aterradores Bjynorks do sistema treze. - Abriu os braços, esperando uma resposta que não veio. Praguejou fraco e entonou a voz: - Com licença, mas este caso eu preciso contar. E muito! Os Bjynorks estão vindo! Cavalgando em suas naves espaciais, com raios de luz de dar inveja ao Sol! Estou avisando, o sistema de vocês corre risco planetário nível seis!
Um ônibus passou, cinco pessoas o pegaram com estranha pressa. Alguns se afastaram, outros saíram. Mas ninguém ousou dar atenção ao mendigo, que continuou enfático na história. A galáxia permaneceu em risco quando, todos, pouco a pouco, foram embora deixando-o sozinho com os delírios. O mendigo, vendo plateia dissipada, caminhou de volta a esmo, empunhando na mão um relógio reluzente.
Ele apertou um botão. A chuva caiu. Um portal diante dele se abriu. Ninguém sequer reparou.
- Hunf! Eu avisei... Mas eles nunca acreditam.

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