Olá, galera.
Esta semana tive uma aula de redação
sobre texto narrativo (sim, aos que não sabem, tranquei a UFPA, voltei a fazer
curso preparatório para prestar vestibular novamente). Narração, mais do
mesmo... Só que, apesar de tudo, eu odeio fazer redação narrativa por um
simples motivo: são apenas 30 linhas. O que é uma narração com trinta linhas?
Eu não consigo, tenho, sinceramente, um bloqueio quanto a isso porque é pouco
demais. Mas voltando ao assunto, o professor nos deu um tempo de quarenta e
cinco minutos para fazermos a redação e pediu que usássemos a criatividade. As
únicas especificações eram encaixar a fala "Com licença, mas este caso eu preciso contar". Só. Nem o
número de linhas (embora tenha dito no fim da aula para aqueles que
ultrapassaram o número padrão refazerem a redação, excluindo algo ou coisa
parecida) ele exigiu.
Aí estava minha tarefa. Quase um
desafio pessoal para um moleque baixinho, magro e sempre fodido de saúde que
sonha se tornar escritor. Acontece que como odeio fazer redações narrativas,
logo um bloqueio surgiu e então eu me vi diante de uma folha em branco por uns
dez minutos. Enquanto isso, divaguei sobre o que escrever então me lembrei de
algumas coisas: velhinhos que puxam
assuntos em todos os lugares com pessoas desconhecidas; a parada de ônibus na
qual pego o busão para ir ao cursinho; o martelo do Thor e no máximo 35 minutos
restantes de trabalho.
Mãos à obra. Nasceu o texto abaixo.
Consegui encaixá-lo na folha de papel em 29 linhas. Pelo menos a galera gostou,
disseram que fumo um beck todo dia de manhã e o professor (depois que as
meninas levaram a redação para ele ler) me perguntou na frente da galera
inteira se fui eu quem escreveu a "redação do et" e se eu tinha
tirado de um gibi. Percebi que depois todos estavam olhando pra mim. Ou talvez
fosse a camisa do My Chemical Romance. É, nem sei mais. Vai saber...
~
Uma segunda-feira eram definitiva e
ironicamente falando, um ótimo dia para um caótico início de semana: ônibus
lotado, chuva ameaçando a desabar e um mendigo louco falando sobre aventurar
planetárias.
Sob um céu pesado e escuro, as
pessoas na parada de ônibus soltavam resmungos particulares a cada minuto que
passava e seu transporte não vinha - e quando surgia, era abarrotado e de
gente. Um grupo estava sob o toldo de uma loja quando aquela figura surgiu, com
andar bambo e sorriso ambicioso no rosto. Tinha aspecto suji e barba desgrenhada,
parou com um suspiro e falou:
- Não sei vocês, mas eu tomaria
cuidado com os aterradores Bjynorks do sistema treze. - Abriu os braços,
esperando uma resposta que não veio. Praguejou fraco e entonou a voz: - Com
licença, mas este caso eu preciso contar. E muito! Os Bjynorks estão vindo!
Cavalgando em suas naves espaciais, com raios de luz de dar inveja ao Sol!
Estou avisando, o sistema de vocês corre risco planetário nível seis!
Um ônibus passou, cinco pessoas o
pegaram com estranha pressa. Alguns se afastaram, outros saíram. Mas ninguém
ousou dar atenção ao mendigo, que continuou enfático na história. A galáxia
permaneceu em risco quando, todos, pouco a pouco, foram embora deixando-o
sozinho com os delírios. O mendigo, vendo plateia dissipada, caminhou de volta
a esmo, empunhando na mão um relógio reluzente.
Ele apertou um botão. A chuva caiu.
Um portal diante dele se abriu. Ninguém sequer reparou.
- Hunf! Eu avisei... Mas eles nunca
acreditam.
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