Fracasso, nos
sentidos mais profundos, sou o mais digno de me chamar assim.
Escrevam-me textos, componham-me
músicas e dediquem-me personagens, mas nada mudará minha auto opinião. Fracassado. Não por culpa minha, não
pelos vacilos de um Deus superior; mas sim culpa do acaso, das infinitas
possibilidades, probabilidades que convergiram, divergiram, elipsaram e chegam
até aqui, neste cálculo resultante e fruto de milhões de coisas que me tornei.
Às vezes, apenas não entendo. Talvez seja justiça divina. Eu lembro uma única pessoa, com inicial “T”, da qual magoei
profundamente num longínquo ano de 2008. Eu era só uma criança dizendo palavras
que ainda não compreendia e que queria viver; fui apenas um menino tolo
destruindo, mais uma vez, um coração realmente bom que me surgia. E eu fiz merda. Não que me arrependa ao
ponto de voltar para tecer uma continuidade naquela história, mas me arrependo
por ter dito algo que não era verdade. Ao contrário do que ela poderia pensar,
carrego comigo essas lembranças culposas. Lembro-me de cada erro que cometi com
cada uma, fossem elas de família, amigas ou amantes. É dessa forma que preciso
crescer: guardar nas memórias os vacilos, aprender a não repeti-los e punir-me
a cada manhã para cada desespero e lágrima que causei. Lembro-me dessa única
vez. A única vez que disse algo que não me era real, fiz sofrer uma garota,
destruí uma mulher. Talvez ela viva hoje sem mais disso lembrar, embora eu tema
que coisas ruins tenham-na acontecido. Fantasmas volta e meia surgem, e este nunca
me abandonou, mostrando-me que sou um fracasso,
pelas coisas que fiz, coisas que disse e, principalmente, por tudo o que pago
em penitência hoje. Só eu posso entender a ironia da minha vida, quando ela dá
uma volta e me esfrega na cara. “Está
vendo? Eis o preço. Eis as palavras que uma vez você disse, agora voltando em
dobro...”. Eu não duvido que a justiça divina aja assim, apesar de achar
que Deus tem preocupações bem maiores do que punir um reles verme como eu. Falo
aqui de cada fracasso que se abate na minha vida - seja na saúde, na acadêmica,
na amorosa, na estética, corporal... Julgo-me um fracasso, mas estou
conformado, pois sei que isso mereço, sei que cada reação hoje foi fruto de uma
ação inconsequente minha, lá atrás, quando eu fui invencível e inquestionável.
Dessa vez eu perdi... Como sempre vem
sendo.
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