28 de abril de 2013

Fantasmas



Fracasso, nos sentidos mais profundos, sou o mais digno de me chamar assim.
Escrevam-me textos, componham-me músicas e dediquem-me personagens, mas nada mudará minha auto opinião. Fracassado. Não por culpa minha, não pelos vacilos de um Deus superior; mas sim culpa do acaso, das infinitas possibilidades, probabilidades que convergiram, divergiram, elipsaram e chegam até aqui, neste cálculo resultante e fruto de milhões de coisas que me tornei. Às vezes, apenas não entendo. Talvez seja justiça divina. Eu lembro uma única pessoa, com inicial “T”, da qual magoei profundamente num longínquo ano de 2008. Eu era só uma criança dizendo palavras que ainda não compreendia e que queria viver; fui apenas um menino tolo destruindo, mais uma vez, um coração realmente bom que me surgia. E eu fiz merda. Não que me arrependa ao ponto de voltar para tecer uma continuidade naquela história, mas me arrependo por ter dito algo que não era verdade. Ao contrário do que ela poderia pensar, carrego comigo essas lembranças culposas. Lembro-me de cada erro que cometi com cada uma, fossem elas de família, amigas ou amantes. É dessa forma que preciso crescer: guardar nas memórias os vacilos, aprender a não repeti-los e punir-me a cada manhã para cada desespero e lágrima que causei. Lembro-me dessa única vez. A única vez que disse algo que não me era real, fiz sofrer uma garota, destruí uma mulher. Talvez ela viva hoje sem mais disso lembrar, embora eu tema que coisas ruins tenham-na acontecido. Fantasmas volta e meia surgem, e este nunca me abandonou, mostrando-me que sou um fracasso, pelas coisas que fiz, coisas que disse e, principalmente, por tudo o que pago em penitência hoje. Só eu posso entender a ironia da minha vida, quando ela dá uma volta e me esfrega na cara. “Está vendo? Eis o preço. Eis as palavras que uma vez você disse, agora voltando em dobro...”. Eu não duvido que a justiça divina aja assim, apesar de achar que Deus tem preocupações bem maiores do que punir um reles verme como eu. Falo aqui de cada fracasso que se abate na minha vida - seja na saúde, na acadêmica, na amorosa, na estética, corporal... Julgo-me um fracasso, mas estou conformado, pois sei que isso mereço, sei que cada reação hoje foi fruto de uma ação inconsequente minha, lá atrás, quando eu fui invencível e inquestionável.
Dessa vez eu perdi... Como sempre vem sendo. 

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