1 de maio de 2013

Mentiras que ela conta




Eis meu momento de desabafo – mais um entre tantos –, não de tristeza ou desolação, mas simplesmente desabafo. Sei agora a mentira que ela contou, ou, basicamente, conta. Sei que foi para me proteger, ela o fez da mesma forma que eu faria se estivesse em seu lugar. “É claro que importa, Felipe. Mas não posso dizer isso. Não a você”. Esta é a verdade que me ressoa na imaginação, construída e verbalizada ao som de sua voz. É nesse momento que eu solto um longo suspiro e me digo: agora fodeu! Porque, cá entre nós, eu sempre soube que estava tudo fodido, ou talvez predestinado a estar desde o instante que fui concebido. Ainda não entendo essas cartadas do destino, tampouco as cartadas do acaso ou da vontade divina, se existir um Deus. O fato é que uma mentira, nesse caso, até me soou como alívio, pelo menos até o instante em que descobri a verdadeira verdade. Isso não me faz repudia-la, muito pelo contrário. Me faz amá-la mais por ter sido cautelosa comigo em algo que realmente – me faz ou – me deixaria pior. As coisas não mudam, tampouco as mentiras convertem-se em verdades. Verdades.rar, Verdades.mp3, Verdades.doc. Eu estive perdido por tanto tempo que a ideia de “perdição” já me é algo imensamente vívido, real e normal, porque é uma realidade da qual já estou conformado. A vida é repleta dessas ironias, principalmente comigo, sobretudo quando o assunto não se trata de amor ou desilusões amorosas (coisa que esse texto absolutamente nada tem, que fique claro). No fim, acredito que tenha sido uma mentira louvável, uma mentira que perdoo e que finjo acreditar, hoje, quando ela volta a dizê-la para me fazer sentir bem numa falsa percepção de “você não precisa se importar com isso, Felipe”. Sinto muito, mas eu me importo, preciso e tenho que me importar sendo o que sou. Mas continue mentindo, vejo este ato similar àquele que fazemos com as crianças, ao fantasiarmos a visita do Papai Noel durante a noite. Isso mostra o quanto você é boa, embora não alivie minhas mágoas e decepções para comigo mesmo. Continuo me julgando o fracasso secular, porque é o que sou em cada detalhe do meu ser – tanto o interno quanto, principalmente, o externo.

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