Eis meu momento de desabafo – mais um
entre tantos –, não de tristeza ou desolação, mas simplesmente desabafo. Sei
agora a mentira que ela contou, ou, basicamente, conta. Sei que foi para me
proteger, ela o fez da mesma forma que eu faria se estivesse em seu lugar. “É claro que importa, Felipe. Mas não posso
dizer isso. Não a você”. Esta é a verdade que me ressoa na imaginação, construída
e verbalizada ao som de sua voz. É nesse momento que eu solto um longo suspiro
e me digo: agora fodeu! Porque, cá entre nós, eu sempre soube que estava tudo
fodido, ou talvez predestinado a estar desde o instante que fui concebido. Ainda
não entendo essas cartadas do destino, tampouco as cartadas do acaso ou da
vontade divina, se existir um Deus. O fato é que uma mentira, nesse
caso, até me soou como alívio, pelo menos até o instante em que descobri a
verdadeira verdade. Isso não me faz repudia-la, muito pelo contrário. Me faz amá-la
mais por ter sido cautelosa comigo em algo que realmente – me faz ou – me deixaria
pior. As coisas não mudam, tampouco as mentiras convertem-se em verdades. Verdades.rar, Verdades.mp3, Verdades.doc. Eu estive perdido por tanto tempo que a
ideia de “perdição” já me é algo imensamente vívido, real e normal, porque é uma
realidade da qual já estou conformado. A vida é repleta dessas ironias,
principalmente comigo, sobretudo quando o assunto não se trata de amor ou desilusões
amorosas (coisa que esse texto absolutamente nada tem, que fique claro). No fim, acredito que tenha sido uma mentira louvável,
uma mentira que perdoo e que finjo acreditar, hoje, quando ela volta a dizê-la
para me fazer sentir bem numa falsa percepção de “você não precisa se importar com isso, Felipe”. Sinto muito, mas eu
me importo, preciso e tenho que me
importar sendo o que sou. Mas
continue mentindo, vejo este ato similar àquele que fazemos com as crianças, ao
fantasiarmos a visita do Papai Noel durante a noite. Isso mostra o quanto você é
boa, embora não alivie minhas mágoas e decepções para comigo mesmo. Continuo me
julgando o fracasso secular, porque é o que sou em cada detalhe do meu ser –
tanto o interno quanto, principalmente, o externo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário