Percebo que ser de poucas palavras, lá
fora, me permite uma coisa que vim moldando com o tempo. É que todo escritor ou
aspirante a escritor precisa, além de amar a leitura e a escrita, sobretudo,
saber observar as coisas a sua volta. Isto é imprescindível para uma boa
carreira profissional ou pessoal. Desde jovem carrego isso comigo, entre as
observações de minha mãe e de outras mulheres da família. Aliás, mulheres são criaturas
interessantes e se aprendi alguma coisa com elas, foi observar e desenvolver
conversas entre olhares. De lá pra cá, adaptei, enquadrei e encaixei meu tipo
de análise. Pois lá fora, longe destes textos, destes livros e deste blog, eu
pouco falo, podendo soar até insensível. Observo, porque é da minha natureza
calar a boca e observar, tecer pensamentos e análises – porém nunca definitivas
demais ou vagas demais. Aprendi, observando as pessoas, que elas são muito mais
do que aparentam na imagem, porque eu tento enxergar além, em cada dia de convívio,
cada movimento. Pois o corpo não engana o que as palavras tentam esconder. As
emoções ainda são as mesmas, seja lá quão distintas sejam estas pessoas. Aprendi
a observar além, ver a tonalidade de cada olhar e a beleza – da “gordinha” antissocial
sentada no canto, por exemplo. Graças a Deus, por ser feio e renegado, aprendi
a dar valor nas coisas que realmente valem a pena. Agradeço por não ter nascido
externamente lindo e encantador, pois aí as chances de ser hipócrita e narcisista
não me deixariam, talvez, alcançar as conclusões que tenho hoje.
Até acho que, por ser um aspirante a
escritor ou um modesto observador, tenho aquilo que muitos já ouviram falar,
mas são poucos os que realmente entendem. É o que geralmente chamamos de “visão
poética”, mas isso já é coisa para outro texto...
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