15 de maio de 2013

Tuas costas




Outra vez desbravo estas palavras, caminho através destas repetidas oscilações imaginárias. Outras venho aqui, de novo e de novo. Tuas costas, mas não tuas, e sim as de outra, que sempre serão costas, onde quer que eu vá, onde quer que eu deite, sente, durma ou beije. Beije. Beijo. Beijar. Agora me perco nestes devaneios, sentada na cama: talvez a tua, talvez a minha, talvez aleatória, talvez nenhuma, ou nos meus sonhos – é, provavelmente isso. Mas ainda são costas, as tuas, em específico. Na cama, sentada e nua, com meus lábios se aventurando por esta esbelta e frágil pele, com imperfeitas perfeições. Então eu beijo, numa acalorada manhã ou amena tarde, beijo tuas costas com imenso apreço, quase numa paixão adolescente – boba e ingênua -, quase uma derradeira obsessão. Quase. Não é paixão, longe disso! É puramente atração, admiração, vislumbre e devoção. Costas lindas, límpidas entre as falhas, lisas, claras. Lindas, onde me perco no desejo, me perco e me perco. Tuas costas.

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