17 de maio de 2013

Não é frustrante?




Não é frustrante?
Olhar para o céu e pensar que não somos absolutamente nada comparados à imensidão do Universo?
Saber que nossas atitudes, daqui a dois séculos, não terão a mínima importância ou não farão a mínima diferença? Não é frustrante saber que você levanta, todo santo dia, estuda, trabalha, move mais uma válvula do sistema para não ter uma grande e merecida recompensa? Que enquanto você grita e se move, nos confins do Universo, neste exato ato e momento, não há sequer um eco da sua voz retumbando? Não é frustrante? Não é frustrante saber que um anônimo desconhecido, talvez um século atrás, tinha o mesmo pensamento de mudança que você, tinha os mesmos pensamentos sobre amor, vida, destino, propósito e existência? E que esse mesmo "anônimo desconhecido", hoje sequer é lembrado, tornou-se apenas mais um elemento decomposto embaixo da terra. Porque ele (ou ela) planejou mudanças, traçou planos de revoluções e... Nada. Apenas mais um mínimo parafuso compondo uma grandiosa máquina destinada à ferrugem, oxidação, decomposição, apodrecimento. Uma grandiosa máquina chamada vida - que em milhares de anos (e eu me refiro a dezenas e dezenas deles) não terá sequer uma evidência de que existiu. Não é frustrante? Frustrante olhar para o céu, tentar ser feliz, tentar fazer valer a pena, fazer a diferença, traçar metas, planejar uma vida - apenas construir uma boa vida -, mas, de repente, ter outro rumo (o de muitos) e num piscar de olhos notar que trinta anos se foram, estar dando aula para uma porrada de jovens desinteressados, obter um salário ridículo no fim do mês, alimentar uma penca de filhos palermas e ter uma esposa interesseira e materialista. Ou nem sequer ter “tudo” isso. Não é frustrante perceber-se falho ou literalmente efêmero? Não é frustrante acordar e saber que nada disso terá valido a pena em um milhão de anos? Que alguém, em 1800 e bolinha, também pensava da mesma forma e hoje nem tem seu nome lembrado? Não é frustrante? Saber que alguém na guerra santa teve seu coração atravessado por uma lança, sonhando ter o nome lembrado pelos séculos, mas que o destino foi apenas mais uma fogueira entre milhares de companheiros com o mesmo sonho. Não é frustrante se encher de orgulho por pertencer a uma espécie que está no topo, mas sequer perceber que está limitada a uma esfera mutável que gira numa reles galáxia pertencente a um universo dentro de outro, pairando em outro, mergulhado em outro, dentro de outro, e outro, e outro... Não é frustrante saber que não somos nada, nessa imensurável imensidão indescritível e inexplicável?
Não é frustrante? 

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