7 de maio de 2013

Se foi




Fumei outro cigarro da vida.
Fumo porque acalma, fumo por ser idiota, para foder com uma saúde minha que já não é lá das melhores. Fumo porque dói e, a cada trago, sinto um alívio passageiro me aplacar. Fumo não por influências – conheço pessoas na merda que até hoje em vão tentam largar o vício. Fumo porque me ajuda a esquecer, mesmo que por um minuto, que você se foi. O que mais me dói em pensar é que, nessas noites de solidão, nenhuma mulher tem me arrebatado a cabeça como você sempre fez. Como sempre fazia. É isso que dói. É por isso que fumo. A ideia de um fim, aqui dentro, na porra desse coração, era imaginar que um dia isso chegaria, mas estar preparado psicologicamente para o dia não te previne para o dia, me entende? Aí eu fumo. Aí eu faço essas merdas, e que se foda tudo, que se foda este instante. Que se fodam amigos, familiares. Que se fodam conceitos, julgamentos, doutrinas ou regras. Que se fodam os bons modos. Eu fumo, usando essa merda nos meus pulmões para aplacar o lugar que você deveria ocupar na minha caixa torácica, me entende? Fumo pela amargura, fumo por você nunca ter acreditado em uma única mísera palavra que te dediquei, em todos esses míseros anos em que te dediquei toda a minha devoção. Miserável. Mas não te culpo, porque és a parte boa nisso tudo. Há quem diga que te glorifico. Bem, e daí? Glorifico, dê seu voto. Eu apenas fumo!
Embarco numa vida não destruída, mas descompromissada. Você foi o meu molde e só tenho medo de não conseguir encaixar ninguém aqui... Espera, eu jamais encaixaria, a não ser você mesma. Vê? Entende? Tem dimensão do tamanho dos destroços que virei? Pequeno por fora, gigantemente cagado por dentro. Aí eu fumo, e continuo escrevendo textos, textos e mais textos que, acredito, jamais serão lidos ou devidamente interpretados. Dedico um texto de vários parágrafos, porque nem isso, aqui no blog, sou acostumado a fazer. Quanto mais parágrafos pra ti, maior a dedicatória, acredite.
Fumo. Que se foda. Apenas fumo porque você não está mais aqui das maneiras que deveria estar. Fumo porque você foi levada de mim, por erros que o mundo nos aplicou com distâncias, impressões equivocadas, textos mal interpretados, por novos amores com futuros utópicos que te soaram promissores e, sobretudo, por erros que eu cometi e não fui capaz de corrigir. Você é a parte boa nisso, e não há como eu não me culpar por ter estragado cada segundo (ou talvez eu não o tenha feito, do mesmo modo como sou incrivelmente cego diante da tua existência – daí a razão de te glorificar, certo?). Fumo porque, sinto, te perdi – talvez desde o início.

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