7 de maio de 2013

Minhas manhãs




Sobre o que é esse texto eu exatamente não sei. Talvez sobre mim, talvez sobre as manhãs de Belém. Talvez sobre um quarto quente e abafado como a maioria dessa cidade, sobre não ter perspectiva, dormir muito e não ter, tecnicamente, um compromisso com as aulas de cursinho e uma vaga na universidade. É sobre definhar enquanto você vê, com o nascer de mais um dia quente, sua carreira escorrendo pela calha aquecida. Digo, eu poderia estar na UFPA, mas disso já cansei de reclamar e aqui não vou redigir mais reclames. Eu abandonei, virei a página, estou tentando de novo, ótimo. Mas ainda durmo. Mas ainda durmo a hora que quero e, consequentemente, não acordo na manhã seguinte no horário para encarar mais uma rotina de aulas massacrantes do pré-vestibular. Há quem não me entenda, mas isso já é rotina. Falo aqui também sobre o clima de Belém, falo sobre como é acordar 12h, com os pés gritando de dor (porque geralmente é isso o que acontece quando você tem neuropatia diabética e dorme além da conta ou simplesmente dorme). Não bastando a dor, está quente, um calor dos infernos, uma preguiça diabólica e uma pré-disposição a morrer e passar o resto do dia com dor e vontade para nada. Só me pergunto quando instalarão a pequena central de ar nesse quarto, “simbora”, pai! Gostaria de morar em uma região amena, pelo menos nas minhas condições. Aí acordar tarde não seria um fardo – talvez o ato de dormir não seria um fardo – e finalmente eu entenderia as fotografias lindas que mostram pessoas felizes deitadas o dia inteiro, sem vontade de sair da cama ou... Espera. Elimino o calor, mas não elimino a doença. Ainda assim eu sentiria dor, e esses últimos cinco ou oito meses não me têm sido fáceis. Quando durmo (seja pela noite, manhã ou tarde) e acordo, sinto dor. Se como uma colher a mais de qualquer coisa, sinto dor; se fico em pé por cinco minutos, sinto dor; se ando de sandálias fora de casa ou passo muito tempo de sapato... Sinto dor. E quem me dera (apenas um aviso aos críticos) essa dor fosse como qualquer outra. Só tento dizer que não é tão simples quando seus nervos não funcionam e estão afetados para o resto de sua vida. É. Como eu desejaria ter saúde e uma Belém mais fria. Aliás, amo minha cidade, só não gosto do clima.
Talvez a vida fosse um pouco menos maçante. É, vai saber. 

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