Eu não sei se os calafrios estão
enquadrados nos sintomas, mas eu os sinto agora com uma frequência maior. E
tenho de conviver pelo tempo que essa rotina tiver de durar. Mais um mês. Dois meses. Três meses. Quatro.
Cinco. Lembro que na última foram no mínimo quatro para se descobrir que a
solução estava em doses cavalares de remédios tarja preta, cinco vezes ao dia.
Eu quero voltar àquela dosagem, quero voltar ao organismo cheio de drogas antes
que a demência nas pernas volte, antes que eu já não consiga andar direito sem
ser amparado por alguém, ou antes que mesmo a água do chuveiro, ao tocar minha
pele, me faça voltar a chorar. Mas isso foi há 5 anos, talvez hoje em dia eu
aguente o trampo. Talvez não. Ouvi
dizer que os diabéticos suportam dores que pessoas comuns não suportariam,
porque nosso sistema (um mal que vem para o bem), de alguma maneira possível,
alivia e ameniza a sensação dolorosa. Não sei em termos técnicos, mas quem me
disse foi um especialista conceituado em dores e anestesia, logo há de se confiar.
E isso explica muitas coisas, até faz parecer que sou fodão e muito macho. Que
fique claro: ainda gosto de pepecas indiscriminadamente, sejam quais forem as
cores, gêneros e tamanhos, peludas ou não. Mas
isso não vem ao caso. O que importa ressaltar aqui é: os calafrios estão
constantes. Divaguei, mas estou de volta ao assunto. Sinto quando eles sobem,
sempre iniciam quando as dores estão mais intensas. E elas são intensas à noite
antes de dormir e qualquer horário após eu dormir. Ou qualquer horário que
esteja encaixado entre o “acordando” e o “dormindo”. Em suma, as dores estão
intensas o dia inteiro. Neurológicas, afetando meus nervos da mesma forma que
afeta os nervos de um epilético, só que de forma diferente, obviamente. Interrompendo a comunicação
do meu cérebro, superfaturando a sensibilidade: doendo, ardendo, queimando,
latejando, inchando, e dando agulhadas desgraçadas no momento que bem desejar,
seja quando eu estiver relaxado lendo um livro, seja me despertando de madrugada
– não importa. Ah, e os calafrios
persistem. São a pior parte, às vezes até me fazem tremer como num ataque de
epilepsia com intervalos de dez, quinze ou trinta segundos.
Intensos, maneiros e inoportunos.
Sempre inoportunos.
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