20 de fevereiro de 2013

Calafrios




Eu não sei se os calafrios estão enquadrados nos sintomas, mas eu os sinto agora com uma frequência maior. E tenho de conviver pelo tempo que essa rotina tiver de durar. Mais um mês. Dois meses. Três meses. Quatro. Cinco. Lembro que na última foram no mínimo quatro para se descobrir que a solução estava em doses cavalares de remédios tarja preta, cinco vezes ao dia. Eu quero voltar àquela dosagem, quero voltar ao organismo cheio de drogas antes que a demência nas pernas volte, antes que eu já não consiga andar direito sem ser amparado por alguém, ou antes que mesmo a água do chuveiro, ao tocar minha pele, me faça voltar a chorar. Mas isso foi há 5 anos, talvez hoje em dia eu aguente o trampo. Talvez não. Ouvi dizer que os diabéticos suportam dores que pessoas comuns não suportariam, porque nosso sistema (um mal que vem para o bem), de alguma maneira possível, alivia e ameniza a sensação dolorosa. Não sei em termos técnicos, mas quem me disse foi um especialista conceituado em dores e anestesia, logo há de se confiar. E isso explica muitas coisas, até faz parecer que sou fodão e muito macho. Que fique claro: ainda gosto de pepecas indiscriminadamente, sejam quais forem as cores, gêneros e tamanhos, peludas ou não. Mas isso não vem ao caso. O que importa ressaltar aqui é: os calafrios estão constantes. Divaguei, mas estou de volta ao assunto. Sinto quando eles sobem, sempre iniciam quando as dores estão mais intensas. E elas são intensas à noite antes de dormir e qualquer horário após eu dormir. Ou qualquer horário que esteja encaixado entre o “acordando” e o “dormindo”. Em suma, as dores estão intensas o dia inteiro. Neurológicas, afetando meus nervos da mesma forma que afeta os nervos de um epilético, só que de forma diferente, obviamente. Interrompendo a comunicação do meu cérebro, superfaturando a sensibilidade: doendo, ardendo, queimando, latejando, inchando, e dando agulhadas desgraçadas no momento que bem desejar, seja quando eu estiver relaxado lendo um livro, seja me despertando de madrugada – não importa. Ah, e os calafrios persistem. São a pior parte, às vezes até me fazem tremer como num ataque de epilepsia com intervalos de dez, quinze ou trinta segundos.
Intensos, maneiros e inoportunos. Sempre inoportunos. 

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