7 longos anos e decidiu que algo
devia ser feito, pediu, insistiu e um feito ganhou. Medalhas foram
conquistadas, embora a conquista maior fosse a simbólica. Deu e sentiu orgulho.
Aos 8 perpetuou os feitos. Aos 9 já era grande para o número ímpar. Assim
persistiu, ultrapassou os 10 e os 11. Aos 12 ele teve garantias, viajou nas
férias e não “quase morreu”, continuou na ilha pelo mês inteiro, não foi ao
hospital levado por um avião pago pelo plano de saúde, não ficou num quase coma
por dois dias inteiros. Não assistiu televisão naquele domingo à noite, 16 de
Julho. Não sentiu tédio, porque ao invés da casa na cidade, estava no veraneio,
indo à praia de manhã e à praça à noite. Vieram então os 13, ele tinha coragem
e não era ridicularizado, era esperto e um exímio jovem atleta. Aos 14 não
precisou se ausentar da escola, não precisou chorar com dores, nem tampouco
deitar numa cama por longos três meses; não precisou ter de se dopar com doses
escondidas de remédio à procura de alívio para as dores físicas; não foi à
fisioterapia, não foi alvo de pena de si mesmo. Aos 15 ele teve amigos, foi
popular entre as pessoas, viajou com os companheiros de time e tirou notas
baixas em Português, Literatura, Redação, História, Geografia, Filosofia e
Sociologia; ele até mesmo era bom com os números; passou arrastado com
preocupações, mas passou, e era feliz. Aos 16 ele não conheceu aquela bandinha de emos, não adquiriu novos
horizontes, não comprou aquele caderno nas lojas americanas e nele não começou
a escrever com mais frequência seus contos e poesias; não foi alvo de piadinhas. Não conheceu nenhuma daquelas pessoas, não
se apaixonou, não descobriu a dádiva de amar. Aos 16, por meio de acertos
sucessivos e erros não propagados, ele não criou um blog, porque ele existiu de uma maneira diferente.
Não existiu nada. Deveria ter sido assim: não ter existido isso, não ter
existido aquilo.
Não existiu um “Noite na Taverna”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário