8 de fevereiro de 2013

Não existiu




7 longos anos e decidiu que algo devia ser feito, pediu, insistiu e um feito ganhou. Medalhas foram conquistadas, embora a conquista maior fosse a simbólica. Deu e sentiu orgulho. Aos 8 perpetuou os feitos. Aos 9 já era grande para o número ímpar. Assim persistiu, ultrapassou os 10 e os 11. Aos 12 ele teve garantias, viajou nas férias e não “quase morreu”, continuou na ilha pelo mês inteiro, não foi ao hospital levado por um avião pago pelo plano de saúde, não ficou num quase coma por dois dias inteiros. Não assistiu televisão naquele domingo à noite, 16 de Julho. Não sentiu tédio, porque ao invés da casa na cidade, estava no veraneio, indo à praia de manhã e à praça à noite. Vieram então os 13, ele tinha coragem e não era ridicularizado, era esperto e um exímio jovem atleta. Aos 14 não precisou se ausentar da escola, não precisou chorar com dores, nem tampouco deitar numa cama por longos três meses; não precisou ter de se dopar com doses escondidas de remédio à procura de alívio para as dores físicas; não foi à fisioterapia, não foi alvo de pena de si mesmo. Aos 15 ele teve amigos, foi popular entre as pessoas, viajou com os companheiros de time e tirou notas baixas em Português, Literatura, Redação, História, Geografia, Filosofia e Sociologia; ele até mesmo era bom com os números; passou arrastado com preocupações, mas passou, e era feliz. Aos 16 ele não conheceu aquela bandinha de emos, não adquiriu novos horizontes, não comprou aquele caderno nas lojas americanas e nele não começou a escrever com mais frequência seus contos e poesias; não foi alvo de piadinhas. Não conheceu nenhuma daquelas pessoas, não se apaixonou, não descobriu a dádiva de amar. Aos 16, por meio de acertos sucessivos e erros não propagados, ele não criou um blog, porque ele existiu de uma maneira diferente. Não existiu nada. Deveria ter sido assim: não ter existido isso, não ter existido aquilo.
Não existiu um “Noite na Taverna”.

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