É a eterna procura: o lobo pela flor, o vampiro pela criadora, o
homem santo pelo pecado. Eu queria escrever um mundo inteiro de palavras
aqui, mas elas já não fazem sentido, porque perderam o foco, perderam o rumo. Palavras
não são nada, não mais um trunfo, não mais uma dádiva, não mais absolutamente
nada. Nada. Deixou de ser um hobbie
para virar transparência medíocre, necessária. Deixou de ser tanta coisa, para
enfim virar um nada. Nada. Não é a
primeira vez que o vazio toma conta, tampouco será a última. Não, talvez eu
esteja errado. Quem sabe essa é a última, numa ladeira tão consciente que eu
nem lembrava que havia profetizado naquela carte que nunca enviei – embora guarde
o endereço até hoje. O nada, antes, foi um tudo que eu apreciei. Um texto intitulado
“nada” que descrevia tudo, um mar sem limites e um céu de verão. Hoje o nada
reflete a busca sem encontro, objetivo sem vitória. Não perseverá, não mais. Queria eu ter intitulado este acúmulo de
letras com um nome mais belo e um significado melhor, mas, outra vez, palavras
são palavras: elas não movem o mundo; não empurram pedras; não removem obstáculos;
não concretizam ações. Acabam sendo um resumo sádico e monótono da minha própria
vida, que não vai tocar ninguém, tampouco ficar na memória. Daqui a cinquenta
anos, quando todos vocês estiverem velhos no auge da idade de prata, aposto
meus tostões - se é que eles valerão de alguma coisa – que não recordarão de
mim. Eu não vou me eternizar, eu não vou mudar, não vou impedir, não vou
refletir consequência alguma. Nada, nem nada. Eis aqui um texto de título
decadente, mas derradeiro e iminente. Eu não pude fazer muito, mas já me era
presumível, esteve na minha consciência desde o início e agora se concretiza. E
o que valerão minhas palavras ante o toque de uma mão quente ou um beijo real? Quanto valerá meus tostões, minhas boas e
afundadas intenções e meus textos que se perderão no tempo? Querem uma
resposta? Tu queres uma resposta? Me
balbucie o título, que te confirmarei com um triste sorriso.
Apenas o nada.
E nada mais.
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