5 de fevereiro de 2013

Conformação




Eu queria que as coisas fossem mais simples. Que pudéssemos discernir sentimentos de razão, porque um atrapalha o outro. Eu queria não sentir saudades de pessoas e momentos. Queria não sentir um aperto no peito e uma secura na boca quando vejo uma foto. Um sorriso. Queria poder ser tão frio quanto eu realmente era, mas já não consigo. É algo mais forte que eu. Queria não me importar com pequenos detalhes, queria esquecer. Mas todos os locais, palavras, pessoas, situações me fazem remeter a coisas que me deixam mal por um dia já terem me feito e feliz e serem inacessíveis. Imediatismo à parte, eu quero ir embora o mais rápido possível, pro mais longe possível. Voltei a escrever do modo que nunca gostei, o qual só uma pessoa sabe qual é. Espero que leia, já que não posso mais falar as coisas pessoalmente e não tenho como explicar isso por aqui, pois iria esbarrar no meu subjetivismo. Em resumo, não tem mais nada consistente como tinha atrás daquele verde-musgo. Mas sei que agora não faz mais diferença.  Como diria o filósofo, “têm pessoas que estão muito piores”. Mas de qualquer forma, me resta apenas dividir com os que leem, esperando que alguém possa se sentir confortado. Afinal, como escreveu mestre Pessoa em Autobiografia: “E os que leem o que escreve,/Na dor lida sentem bem/Não as duas que ele teve,/Mas só a que eles têm.” Então espero que nas minhas “dores” os outros possam encontrar um reconforto. Não é masoquismo sentimental, mas uma constatação de que o que guardo não tem como ser extinto nem dividido e muito menos esquecido. Somente adormecido. O problema são todas as vezes que desperta. Aí só resta a conformação.

(T.S. Banha)

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