17 de maio de 2012

Deixe cair



Seu espírito vai estar devastado, acolhido pelo desespero. Você vai cair, como uma estrela desiludida, riscando o céu da noite com o maior e mais belo dos brilhos. Entre o vermelho da intensidade e o azul do adeus. Deixe cair. Suas lágrimas, suas dores, pela aurora rescendente, rabiscando espaço intermináveis, da loucura da sua mente à fraqueza do coração. Morto em sonhos, vívido pela canção furtiva. Palavras sem sentido, sentido sem motivos, motivos caídos, caindo pela chuva e escorrendo pela janela da tarde. Você vai estar perdido, feito cacos de um copo frágil e gentil, perfeito na sinuosidade, mas impuro nas depressões. Deixe cair, deixe quebrar para realinhar num futuro próspero e impróprio. Talvez não chegue, talvez nem venha. Mas se permita fechar os olhos e sonhar. Com um futuro de amor e esperança. Com uma vida que jamais será sua, porque sonhar não custa nada – basta fechar os olhos ou olhar para o nada, pensar, se deixar levar como a brisa do oceano. Oceano. Se deixe levar, um dia talvez dê certo. Vai dar certo. Não quebre, mas procure o chão. Desespero. Devastação. Destruição. Esperança.  No fim de tudo, deixe cair na esperança. Fechar os olhos, sonhar acordado. Sonhar com ela. Sonhar com um mundo só seu. Sonhar com o nada, o vazio. Com o futuro.  

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