30 de maio de 2012

No muro, em um Sonho



O céu rosado, anunciando a despedida de um dia de verão. Eu penso nela, assim, desse jeito. Sentada no topo do muro, balançando as pernas magras feito criança. Distraída, perdida, arrebatada para um mundo particular, só dela, onde nada pode ser entendido. Ela está lá, de costas pra mim, à distância de um toque e de uma noite – dentro de um sonho. Há alguém perto dela, do outro lado do muro. Só que não está tão distante quanto eu. Esse alguém é real. É um cara bonito, simples, não é maldoso. É digno dela. Ele a está cortejando, ela está sorrindo e fingindo ignorá-lo. Eu observo. Mas sem maldades, sem ódio, sem angústia. Eu gosto desse alguém, eu simpatizo com esse cara. Ele a faz sorrir, afinal de contas. Ele está perto, muito perto. A satisfaz, enxuga as lágrimas dela. E o céu rosado, agora salpicado por tons crescentes de um azul escuro, é tomado pelo brilho das estrelas. É uma noite limpa, sem poluição, calma e tranquila. Ela está sentada no muro. Decidindo a hora que vai pular e ser amparada pelos braços dele. Ela está sorrindo, de costas pra mim. Não posso ver seu rosto, porque está escuro; tudo o que enxergo são os contornos de sua bochecha direita, tão elevada, alegre e alva na escuridão. Seu sorriso me é notado. O cara continua cortejando-a, sem maldades, com todo o amor que ele tem. O cara é digno e eu considero isso. Porque ele está lá, é real há mais tempo. Eu estou aqui do outro lado do mundo, à distância de um sonho e de um pequeno capricho. Não estou me doendo, tampouco chorando. Estou sorrindo por ela. Satisfeito, complacente. Só me resta admirá-la e despertar do sonho - mais outro de uma longa maratona. Ela é linda. Ao menos isso não nego.  

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