14 de janeiro de 2013

Escultor




Um escultor de palavras não precisa vivenciar para entender ou falar a respeito. Um escultor de palavras não precisa, necessariamente, estar com alguém para amar alguém. Através de sua reclusão, ele também pode escrever uma vida inteira sobre a solidão; de sua cadeia, pode vir a liberdade; de seu sorriso, o choro. Um escultor de palavras não precisa ter asas para tecer palavras aos ventos, ele não precisa beber para dar vida ao alcoólatra. Sua livre imaginação o guia aos confins do mundo e aos lugares que sequer existem. Para criar um monstro, ele não precisa ser perturbado. Para jorrar sangue, ele não precisa ter o feto de um louco assassino dentro de si. Para amar o corpo da amada, ele não precisa, necessariamente, ter uma amada. Para falar de amor, ele não precisa estar amando. Para falar de ódio, não precisa odiar. Um escultor de palavras, às vezes, não precisa de nada para falar sobre tudo. Um escultor de palavras precisa, só e unicamente, de suas ferramentas diárias: o dom trabalhado, a tinta, o molde e o papel.

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