Um escultor de palavras não precisa
vivenciar para entender ou falar a respeito. Um escultor de palavras não
precisa, necessariamente, estar com alguém para amar alguém. Através de sua reclusão, ele também pode escrever uma
vida inteira sobre a solidão; de sua cadeia, pode vir a liberdade; de seu
sorriso, o choro. Um escultor de palavras não precisa ter asas para tecer
palavras aos ventos, ele não precisa beber para dar vida ao alcoólatra. Sua
livre imaginação o guia aos confins do mundo e aos lugares que sequer existem.
Para criar um monstro, ele não precisa ser perturbado. Para jorrar sangue, ele
não precisa ter o feto de um louco assassino dentro de si. Para amar o corpo da
amada, ele não precisa, necessariamente, ter uma amada. Para falar de amor, ele
não precisa estar amando. Para falar de ódio, não precisa odiar. Um escultor de
palavras, às vezes, não precisa de nada para falar sobre tudo. Um escultor de
palavras precisa, só e unicamente, de suas ferramentas diárias: o dom
trabalhado, a tinta, o molde e o papel.
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