10 de janeiro de 2013

Penitência




Fui invencível. O mundo não tinha amanhã, era regrado fora das regras que meus limites impunham. Foi em 2006, onde eu quase parti dessa pra melhor; foi em 2008, onde as dores que começaram lá estão voltando agora. Nesse vão espaço de quatro anos, eu fui o maior dos seres humanos, cometendo vacilos, fugindo do controle, me sentindo o herói imbatível. Passei mal incontáveis vezes sem ninguém perceber, estive à beira de um ataque, mas me refiz em doses cavalares e diárias de insulina, como se apenas aquilo fosse me salvar. Mas era apenas uma solução passageira. O que o diabetes me tirou? Nada. Quem tirou de mim fui eu mesmo. Alguns centímetros a mais, algum peso a mais, alguma dignidade a mais. A doença nunca será a vilã, e sim uma ferramenta de autodestruição usada por mim. Eu mereço. E que fique claro que isso não é uma reclamação, e sim a consciência do meu erro, que me trás hoje piadinhas e dores – dores física, neurológicas. Mas tudo bem. Hoje é a altura, a magreza, algumas dores. Amanhã serão os olhos, os rins, a vida. É a minha forma de penitência. Só espero que se cumpra logo – o mais rápido possível.  

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