21 de maio de 2011

Condenação




            É sistemático, tem um padrão. Nos arrasta, nos confina, sugando cada partícula do que os crentes chamam de "alma". Crentes ou não, céticos ou não, há um ponto que todos concordam: algo realmente existe para nos sugar a essência, seja ela figurativa ou literal. Confinados, selados, cegando-nos as milhares de córneas, aprisionando-os os pulsos e nos tratando como animais. Animais. Há quem discorde, há quem dê seus tostões por tal afirmação, mas no fim de tudo, não passamos de animais egoístas que por conta de um pouquinho de inteligência alcançamos os limites máximos da arrogância. Primitivos, incoerentes, cheios de si e violentos. Animais inteligentes, tão astutos e audazes que movem o mundo e esmagam os inferiores pelos próprios objetivos. Mentirosos e sedutores. Gananciosos e maldosos. 
            Por que chegamos a este ponto? Por algo que chamamos de liberdade. E para aqueles céticos que aqui foram citados no início, não há barreiras para o inalcançável. Porque, simplesmente, quando o ser humano não acredita, ele não será acolhido por medos ou temores, sua fé - que nunca existiu - não construirá a imagem de seres sagrados e superiores, ele não temerá nada e nem ninguém. Não haverá destino, ira divina ou qualquer coisa que o faça parar. Ele seguirá seu próprio caminho, fará suas leis e crenças. Mas, em algum ponto do caminho à frente, ele olhará para trás e verá o custo de tudo isso.
           Ele ainda estará sozinho. Será desprezado e incompreendido. E suas convicções o aterrorizarão com uma ideia cientificista e iminente: no fim, tudo terminará de baixo da terra. 

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