13 de maio de 2011

Libertação Utópica



Nós iremos sorrir enquanto morremos
E vamos celebrar o fim de todas as coisas
Com champagne barato
(Drowning Lessons, My Chemical Romance)

Vomitar. Não o resíduo orgânico que excedeu dentro do meu corpo, mas toda o peso que vem sendo depositado durante os últimos, mais recentes, e curtos anos da minha existência. Se trata de toda essa coisa empilhada numa montanha saturada, com todos seus gases sentimentais querendo explodir com as barreiras que a impedem de se libertar. Porque não há mais vávula de escape, as poucas que haviam foram tapadas, ou destruídas, e se ainda houver uma ou duas, são insuficientes para a liberação de toda essa pressão.
Ainda existe a dor, e me parece nitidamente que ela não cessa. Continua se acumulando, e quem a causa – inúmeros indivíduos – ainda continua neste eterno jogo de caçoar da minha insaturação. Elas fingem, elas mentem, elas debocham e gargalham com seus dentes podres e desprovidos de sinceridade. Com estes seres que se julgam “próximos a mim” há toda uma complexa e fútil arte de menosprezar as próprias sujeiras para brincar com meus fracassos. Eu poderia esganar alguns, e revidar com outros. Entretanto, surge algo que que me sobe o corpo, dilacera minh’alma com milhares de fatias minúsculas e esfolantes de gilete. Sou instantaneamente impedido de qualquer ato, pois a características dos bons e dos covardes aqui impera neste crucial e importuno momento.
Este ser aqui foi enganado, e por vezes ainda continua no chão encolhido, sofrendo com todos os chutes morais e preconceituosos daqueles que se julgam “colegas ou amigos”. A dor que governa meus prantos não é algo instântaneo e recente, como um velho deus, espírito perturbardo ou a própria história dramática de nossa raça, ela dura há tanto tempo que chega a ser impossível datar sua ascendência em mim.
Dói. Dói e continua doendo.
O grande dilema que me remonta aqui não é a possibilidade de sair desta dor – pois já me parece um caminho sem volta, uma escolha sem retardo ou uma trilha já pré-definida – sumir, mas o momento em que ela se tornará mais forte que o orgulho de me manter vivo. Quando a dor se elevar ao orgulho, quando a fé em mim mesmo for perdida, quando não houver mais causas para lutar... Aí, eu me pergunto: vale a pena continuar?
Partindo para um mundo árcade; migrando para o vale dos guerreiros ou caindo no abismo dos covarde suicídas. Eis aqui o meu fim supremo, e se ele será envolto em glórias, em dores ou mais críticas, isto eu não sei. Mas a imagem de conforto que me acolhe já é a mesma ultimamente, e talvez o meu destino ou minhas próprias decisões estejam impreterivelmente voltadas a uma única convergência fatídica.
Quando vou partir? Quando estarei no mundo que sempre sonhei, onde existem apenas eu e minhas bobas utopias? Trilhando o atalho para a lua, no mar de livros e no fresco cheiro progressivo de páginas em mofo. Sentado sob uma cerejeira morta, sem vida e ressecada. Longe destes falsários amores, distante dos mascarados amigos; dando adeus às verdadeiras amizades, que se mostraram dignas demais à minha simples e decante vida. Estarei enfim partindo, certo de que tudo o que deveria ter sido feito, de fato foi feito por mim. Vivendo na minha dimensão, esperando a mulher de cabelos longos e num vestido branco que jamais me acolherá; rezando pelo sucesso simplório que sempre sonhei, e que jamais terei.
Aonde isso dará? Onde este mundo está? Eis a questão. A questão que em breve, tão breve, descobrirei.  

Ainda tenho 7 meses para decidir o que fazer com esse acúmulo de problemas. Portanto, relaxem... Ou não.

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