22 de novembro de 2012

A vida é canalha



Canalha, mas boa.
A vida é canalha, mas boa. Muito boa mesmo. Eu comecei a escrever essa crônica derrubando minhas frustrações cotidianas no computador, me fazendo de vítima culpando a vida por tudo, reclamando como uma criança contrariada. Apaguei e reescrevi tudo. Apaguei por ter percebido que minha vida é boa. Imensuravelmente boa. Sem demasias. E teorias conspiratórias à parte, a sociedade impõe essa insatisfação para nós. Por meio de um corpo que dificilmente alcançaremos, um carro que nunca iremos dirigir, uma vida pela qual não poderemos pagar. E nós, ao invés de nos revoltarmos e entendermos que não é necessário, simplesmente nos mecanizamos para alcançarmos o tão fabuloso ‘sonho americano’. Admiro meu professor, que tem um carro ’98 e não faz questão de trocar. Ele é exemplo pra todos nós, até porque ele tem dinheiro pra ter um carro do ano. Isso diferencia as pessoas. Acreditar que a vida é mais que tudo aquilo que não temos é essencial, imprescindível. E a partir do momento em que você entende isso, tentar provocar essa mudança nos outros se torna uma obrigação. Talvez já tenha alcançado esse ponto. Realmente espero, já que eu tenho uma ideologia anarquista muito grande, mesmo que eu não pratique ativamente, já que às vezes me deixo levar pelos encantos capitalistas. Ainda sou muito imperfeito, tenho algumas das aspirações materiais desnecessárias que eu tanto critico. Sim, sou um pouco hipócrita, mas tenho feito todo o possível pra me aproximar do que eu considero correto, por mais que as coisas não sejam tão fáceis. De qualquer forma, não posso reclamar da vida, afinal, se fosse fácil não teria graça alguma. E toda vez que eu falar que ‘tá tudo ótimo’, ainda que seja irônico, pode crer que eu estou tentando me convencer disso, já que antes de mudar o mundo, temos que primeiramente começar pelo mais difícil: mudar nós mesmos.

(T.S Banha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário