3 de novembro de 2012

Corrosão




Há um pensamento denegrindo minha paz mental, talvez até a sentimental. Juro que estava tudo bem aqui dentro, as coisas transcendiam caminhos taciturnos e tranquilos. Eu estava quase inabalável. Mas de repente surge uma tormenta, rodopiando estruturas que por meses você construiu à base de concentração e esforço. É um pensamento corrosivo, bem pior que a mais física das substâncias ácidas. Algo que sempre temi, e que agora me veio revelado como uma sólida verdade. Agora eu imagino e não há como não me sentir mal. Não se trata de algo que me pertence, mas que, de certo modo, foi me tomado em uma parcela importante. Chega a ser ilusão julgar que um dia seria ou será meu, mas a consciência do acontecimento – da qual sempre tive – não anula o fato de me deixar abalado. Imensamente abalado. Meus alicerces mentais já haviam secado, agrupando-se numa solidez irrefutável. Agora, no entanto, uma implosão veio banal, rápida e sem intenções de destruir. Mas destruiu. Me pergunto por quanto tempo o pensamento continuará denegrindo e corroendo a vã barreira que eu julgava indestrutível. O pior de tudo é concluir que ainda sou extremamente frágil perante o determinado assunto que aqui abordo. E eu que havia terminado com todos esses textos, estava sem inspirações, nem mesmo vontades eu tinha de vir aqui escrevê-los. Era uma sensação boa. Tecer esse gênero de literatura sempre me soou arrasador e é, sem dúvida alguma, um indicador básico da minha insatisfação interior. Antes eu estava em paz, mas agora escrevo isso. Graças a um pensamento incômodo, uma ideia pertinente e nojenta; algo que eu deveria ter feito, mas que o mundo não me permitiu. Até quando?

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