18 de novembro de 2012

Doritos




É, ela não trouxe o Doritos. Não trouxe sorvete, não trouxe nem meu biscoito favorito. Não trouxe nada de bom, cacete! Eu avisei. E agora fico pensando como serão minhas madrugadas de vadiagem. Porque amanhã tem festa e, como sempre, não posso sair; e também não vou à aula, estou reprovado na matéria daquela bicha metida à simpática e boazinha. De qualquer forma, reprovado ou não, eu nem iria mesmo, essa porra não é pra mim e só faço gastar dinheiro com o ônibus. Aí fico acordando até às três horas, imaginando se aquele papo de “a hora dos demônios na terra” realmente é verdade. Puta que pariu. Um gato gemeu ali, parece uma criança sendo sacrificada em ritual de magia negra. Odeio gatos. Odeio gatos. Morte aos gatos. Morte ao Felis silvestris catus. Passou, voltou ao normal. Maldita madrugada, à base de filmes pra baixar e séries que eu acabo nunca assistindo, ou à base de parágrafos de livros que eu também nunca termino. E ela não trouxe o Doritos. É, pelo menos tem miojo e coca cola zero. Vou terminar aqui, nessa rotina de fim de noite e começo de dia. Tem sido um saco. Sem grana, sem ânimo, sem namorada pra amar ou permissões para sair. Me sobra a madrugada. Não tem Doritos, ela não trouxe a porra do Doritos. E ele que tava lá, ilustrativo com a merda de uma embalagem vermelha e chamativa. Mas ela não trouxe. É, tudo bem, mãe, não vou deixar de te amar por isso. Vou ficar aqui na madrugada, curtindo a solidão. Me inspirar e escrever um texto desses. Sobre Doritos, mas sem o Doritos.

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