13 de agosto de 2012

Memórias válidas




Talvez eu não tenha me despedido devidamente. Até logo. O quanto me foi prejudicial e difícil, não tive coragem e fui um tolo menino. A chuva caiu, escorrendo pelo meu telhado e secando ao solo feito uma cascata assassina. Me tragando com memórias, sem me permitir dizer “adeus”, porque jamais fui capaz de fazê-lo. Não por covardia ou por ainda ser uma pequena criança, mas por uma razão bem mais admirável: você não deixa voar sozinho aquilo que te prende ao céu, você não permite nem por egoísmo, nem por tristeza. É seu oxigênio válido, a sombra da qual você pra sempre irá lembrar. Pois seja chuva ou seja neve, aquele infantil espírito dentro de mim há de correr para a varanda, abrir os braços, a boca e oferecer a língua. Sentirei o gosto do céu, o hálito do meu particular paraíso. Pois eu sinto a gravidade, me prendendo ao Inverno gelado que me manteve aquecido. Me lembra as chamas, me lembra o fogo primordial - de um mês longínquo e extremamente vívido. Resistente às lágrimas e falsas verdades. Resistente ao frio da chuva do verão, às corridas e aos vendavais. Só resta a gravidade ou a ausência dela. Me permite o sustento dessas memórias que eu hei de prosseguir e cultivar. Para florescer, nascer e viver. Gravidade zero que não deixa cair, que não deixa morrer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário