15 de agosto de 2012

Legado




Não quero me entregar à tal frescura sentimental. Quero a necessidade de tecer palavras para a reflexão da alma e do caráter, e não palavras perfeitas e bonitinhas para a disseminação de menininhas apaixonadas e carentes. Eu quero fãs de verdade, do tipo cruéis e com mentes cabulosas, não quero fãs com corações partidos. Garotas que almejam um cara "perfeitinho, que vê além dos outros e que é escritor"? Isso eu repudio, com todo o desprezo da minha frieza. Quero garotas inteligentes, frias, calculistas, que amam o que eu digo pela engenhosidade e perspicácia, pelo jogo de palavras, pela astúcia de dizer o que ninguém mais diria ou esconde. Estou odiando esse "boom" literário, repleto de falsos escritores que se escondem por trás dos textos com um único e derradeiro motivo: enfiar o pau nas admiradoras eufóricas - tá certo, eu até me aproveitaria de tal situação, mas a questão vai mais além. Às vezes me vejo entregue a essa baboseira de textos sentimentais que garotinhas vão amar. Eu odeio essa parte de mim, e estou me entregando a outras habilidades no ramo da escrita. Não nasci para essa mediocridade, e me convenço de que preciso fazer algo bem maior e significativo. Não quero que as pessoas lembrem do meu nome como "mais um idiota cheio de palavrinhas bonitas para espalhar nas redes sociais". Quero que me chamem de mestre, sem piedade com as palavras e sem escrúpulos ante os medos e obstáculos. Quero escrever, e ser o melhor nisso. Quero deixar um legado para os filhos que não terei e para os seguidores que irão nascer. Um legado e um dom. É isso o que quero. É isso o que sempre quis.

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