2 de agosto de 2012

Céu



Eu não cheguei ao céu. Não estive lá, não pisei, não toquei o imenso vale que se abriria. Foi apenas uma luz, talvez sombras de um desfalque ilusório, mas que de certa maneira, foi real. A ilusão mais palpável em milhares de quilômetros. Me foi tirado, no entanto. Um destino proclamado desde o início, algo que eu sempre temi ocorrer, mas que aconteceu tão rápido. Como água entre os dedos, o céu me escorregou, escorrendo pelas mãos. Um paraíso distante. Deixando apenas sombras e saudades. Não foi o suficiente. Ter e não ter, ao mesmo tempo. E agora eu fico aqui, à margem da estrada, pedindo carona à primeira oportunidade que me aparecer. Elas até aparecem, mas... Outra vez, novamente e de novo... Eu não ergo a mão. Eu não sinalizo. Eu não peço essa carona. Me perdi no caminho do paraíso, fiquei à espera. Uma morte que nunca morri, fingido ter vivido uma vida que nem desfrutei. O céu não foi o bastante, aquela promessa se quebrou, não consolidou e eu fiquei pra trás. Convencendo-me da tristeza e da solidão. Sem forças pra fingir, nem pra mentir. O céu não acabou para mim, embora tenha desabado. E até quando vou continuar correndo com estes pés cansados? Por onde? Por quanto tempo? À procura do paraíso. Almejando um céu que fui condenado a não tocar. Um céu que não existe, porque não há mais nada no fim. Nada.

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