4 de abril de 2012

Distração


Vá ler alguma coisa: abrace um livro como se fosse a última ação de sua vida; rabisque uma folha de papel, redija no Word ou simplesmente no bloco de notas. Dê uma volta pelas ruas; em um dia nublado quando a aula terminar mais cedo, pegue um ônibus demorado e dê um balão imenso pelo centro da cidade. Vá ao shopping, peça um suco de laranja ou um copo de 700ml de Coca Zero; sente-se no lugar mais escondido e pense na vida. Assista um filme sozinho e tenha a capacidade de se inspirar. Fique pela rua, dê um tempo para si mesmo. Disperse. Por um dia único, não seja de ninguém; por um dia único, sonhe todos os seus sonhos mais malucos e pervertidos. Deseje ser rico para ter um Impala 67; deseje voltar no tempo para viver melhor a vida que passou e, principalmente, não ter vacilado tanto com sua própria saúde. Mas, não mude tantas coisas dentro da sua imaginação. Não perca o fio da meada pelo simples desejo de mudar. Continue sendo você mesmo, com alguns costumes a acrescentar, mas sem nada a excluir. Repouse em sua cama na madrugada, horas a fio. Ligue o notebook às 3:30 da manhã para expulsar aquele texto que o assalta a mente. Fale sozinho, como você sempre fez; fale consigo mesmo como se fosse duas pessoas em uma só. Critique a si mesmo e seja narcisista, porque há algo grande demais dentro de você. Construa planos. Desista de seguir em frente. Levante-se e viva por viver. Volte atrás, porque mudar não é vergonhoso, é revigorante. Faça o que tiver de fazer. Entre desanimado na universidade na manhã de terça, torne-se introspectivo durante esse dia inteiro e imagine-se em outro curso – um mais compatível, talvez. Afaste tal linha de pensamentos e permaneça na vida real, onde não há amores, nem finais felizes. Permaneça num lugar onde os mocinhos morrem envenenados no fim, enquanto os vilões brindam no ápice da vitória. Pense, pense, pense e viaje. Vá longe, onde ninguém possa te alcançar. E no fim da semana, esteja ciente que todas essas tarefas não passaram de pura distração; lembre-se que você apenas fez tudo isto para ignorar a presença de algo bem mais latente aí dentro – na alma, no peito e na mente. Distraia sua existência, porque viver pensando naquela garota está te esgotando. É um amor verdadeiro, mas você não consegue lidar com o sentimento. Amar demasiada e ilimitadamente tem um preço: sua sanidade. Está te corroendo. Te deixando louco. Pouco a pouco, pedaço por pedaço. Você precisa escapar, mas não pode. Ela é sua razão para viver e para persistir, de uma forma ou de outra. É inevitável. Você a ama, isso não basta.

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