1 de abril de 2012

Vidas Ávidas


Poderíamos beber na beira, elucidar os sábios, quebrar os bonzinhos. Poderíamos fumar dias e noites, ficar bêbados e usar todos os tipos de drogas. Estaríamos juntos, ainda assim. Sua breve existência, vazando por meus dedos, como sempre foi, sempre à beira de um precipício. Eu te salvaria ou me afogaria junto. Puxar papo. Só porque você tem um cigarro entre os dedos – unhas pintadas de vermelho, como uma princesa do mais exímio reino. Sentar ao seu lado, sentir a brisa, aspirar sobre a vida, sobre a natureza, os animais, a política humana... Aspirar sua fumaça, enquanto nossas bocas se unem. Viver uma vida desregrada em meio às seringas e ao pó. Ser felizes. Cagar, não literalmente, para todos os padrões. Ou, quem sabe, fazer coisas bem menos urgentes e extremas. Apenas uma ressaca aos sábados e más influências aos domingos. Um desgosto aos nossos pais. Bajulação. Que tal orgulho? Chegar da farra e levar tapas por você jurar que eu cheiro aos perfumes de outras mulheres, quando eu nada fiz além de beber e passar um tempo livre, sozinho. Espaço a mim mesmo. Analisar, cogitar, ponderar. Eu te salvaria dessa vida. Porque eu jamais farei todas essas coisas: não estão nos meus interesses e não me proporcionam atrativos – beber, ficar bêbado e fazer besteiras? Obrigado e desculpe, sou o cara errado pra isso. O cara errado para você. Cansar de arriscar minha vida pela sua, porque você não mais liga. Eu entraria nesse jogo apenas para ter a oportunidade futura de te puxar de volta, mas será em vão. Porque sou apenas uma vã existência na sua vida. Um sopro fraco e longínquo. Uma memória inexistente e derretida, escorregando por sua percepção. Um beijo e tudo se resolveria, um toque de verdade. Sem dúvidas, sem mais porra nenhuma. Mas são vidas ávidas. Nítidas. Traiçoeiras. E a minha... Bem, a minha fica muito longe disso – por uma questão essencialmente natural. É um modo de ser. Imutável. Transfigurável. Desprezível.   

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