25 de abril de 2012

Por uma Noite


Essa noite não quero amor, agora não. Nem quero outro tipo de coisa, sabe? Essas besteiras e merdas de sempre: livros, café, textos, citações, um pouco mais de café e delírios. Chega disso por hoje, pelo menos. Ando cheio de aspirações malucas e textos bem montados, poesia melódica e centenária – a grande arte de juntar palavras. Por anos homens o fazem e onde irei me distinguir deles? Só mais um fajuto poeta escondido entre milhões de cidadãos normais. Há outros de mim por aí, bem melhores e tão mais habilidosos. Não é por isso, entretanto, que exalo cansaço. Essa noite não quero amor, eu não preciso disso – somente neste momento de devaneios esquizofrênicos em desilusão. Ponha em uma caixa no chão, enterre, faça um “xis” e dê para outros caçadores de recompensas. Não quero beijos, nem bajulações; tampouco os elogios banhados de clichês. Vou jogar fora as críticas para recolhê-las amanhã. Vou reciclar essa merda, mas deixa mofar na sarjeta do esquecimento. Todos os pensamentos sobre a alma e a existência, sobre o futuro, o passado e meus pseudo-arrependimentos. Vou observar cair por terra todas aquelas crenças em Deus, no Diabo, no átomo e no livre arbítrio. Se existe destino ou acaso, que se foda – que se exploda. Deixa queimar, deixa fluir, deixa que alguém se preocupe. Essa noite eu não quero esquentar a cabeça, ando cheio demais e isso não me levou à nada. Como eu bem disse, amanhã eu reciclo, pego de volta, tentando restaurar as ruínas. Reerguer os pedaços. Essa noite, a cabeça desacelera e o coração para. Essa noite, porra, darei atenção ao meu grande egoísmo. Mas, é sério: só por hoje.
Esta noite, apenas esta noite, para satisfazer os vícios e os prazeres da carne, eu só quero uma coisa.
Dinheiro. Apenas isso.  

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