11 de junho de 2012

Noite de Nascimento



Vindos do ferro, do fogo escarlate. Das cinzas do inferno, sobre o diabo em ideais, sob Deus em regras. Nascidos no dom, no fervor do alvorecer, proclamados para a sentença. Crianças de ontem, cheias de sonhos, repletas de metas, ambições e maldições. Detentoras da força, ofuscadas pelas vãs batalhas do dia, para alcançar o arrependimento da noite. Nascidos quebrados, destinados ao fracasso esperado, em dia de ascensão da vitória por um grito de guerra, um sinal de paz. Para amar um feto, feto desprovido de herança congênita, sem razão, sem raça ou piedade. Um clone do clichê, cópia exata da prisão de pensamentos. Nascidos da queda do muro, corrompido pela nova ordem. Fanáticos. Loucos. Rebeldes e famintos. Sem paz, sem liberdade, caídos à lama do julgamento, na espera do juiz que devora almas. O grande poderoso; nas cidades, no campo, nos mares, nos rios, nas estrelas e no coração. Nascidos do turbilhão, da inconsequente dúvida, baralho de opções, xeque de opinião. Nascidos do sangue, através da árvore dos pecadores. Mentirosos, destruidores e estupradores de idéias. Geração zero, geração liberta – nas correntes que se abrem, para o mundo que hoje nasce. 

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